“Eu lhe dou a vida
Eu lhe dou a morte
É tudo uma coisa só
Nada morre que não nasça outra vez
Nada existe que não vá morrer
Quando você vem a mim, eu lhe dou as boas vindas,
E depois a recebo em meu útero, o caldeirão da transmutação
Onde você é misturada e peneirada,
fervida e triturada,
derretida e amassada,
reconstituída e depois reciclada.
Você sempre volta a mim
E segue o seu ciclo renovada
Morte e vida são apenas pontos de transição
Ao longo do Caminho da Eterna Espiral”*
No fim do conto do Barba Azul, ele é morto pelos irmãos da mulher e seu corpo é jogado às aves carniceiras. A simbologia da transformação é sugerida pelo fato de que ele vira alimento para outras vidas. As aves por fim desmancham o predador e se nutrem de sua força, agora destituída de seus aspectos nocivos.
Outro exemplo desse movimento é o mito celta da deusa Cerridwen, a guardiã do caldeirão da transmutação, ou da vida, morte e renascimento. Ela é a face Anciã da Grande Deusa Tríplice, a que completa os ciclos da Donzela e da Mãe. A Anciã recebe em seu caldeirão tudo aquilo que precisa ser renovado, o que precisa morrer para que o novo possa nascer. Ela é a terra no Inverno, que gesta em suas profundezas as sementes que irão brotar na Primavera. Na superfície tudo parece estar morto, mas dentro de seu útero a vida pulsa querendo emergir.
Aproveite a energia de renovação que essa época traz, jogue dentro desse caldeirão tudo aquilo que não te serve mais: velhos padrões, crenças limitantes, raiva, mágoa, ressentimentos…Deixe-os derreter e retire a força que precisa para criar, amar, ser.
* “O Oráculo da Deusa”, Amy Sophia Marashinsky
Advogada, mãe de duas jovens lobas e 3 gatos, carioca da gema, paulista de coração.
Aluna do Curso de Formação de Focalizadoras de Círculos de Mulheres do Despertar Feminino em São Paulo, coordenado por Tamaris Fontanella.
Aluna da Oficina de Contação de Histórias conduzida por Tininha Calazans na Biblioteca Raul Bopp, em São Paulo.
Participou do Clube de Leitura “Mulheres e Lobos” da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, sob a curadoria da Profa. Jana Soggia.
Membro do Clã das Cicatrizes.